Estamos
vivendo uma nova era na história da humanidade. Invenções como o
microprocessador, o computador pessoal, a internet e a fibra ótica causaram uma
revolução sociocultural, sendo ferramentas importantes para a transição da Era
Industrial, onde a indústria era o setor dominante de uma economia, para a Era
da Informação, também conhecida como Era Digital ou Era Tecnológica, onde o conhecimento,
em detrimento do trabalho braçal, é valorizado.
Esta
sociedade pós-industrial é caracterizada pelo acesso fácil a informação, pois
temos a possibilidade de saber muito em pouco tempo. Enquanto que nos séculos
passados um cidadão comum demorava meses para tomar conhecimento de algo
acontecido no outro lado do planeta, hoje em dia sabemos quase que
instantaneamente. Tal facilidade na informação aproximou os povos. Culturas que
antes eram consideradas exóticas se tornaram conhecidas e possíveis de serem
praticadas mesmo a distância. Paradigmas foram quebrados, Oriente e Ocidente
estão cada vez mais próximos transformando o planeta numa imensa “aldeia
global”.
Um
dos resultados desta aproximação através da tecnologia foi a criação e imensa
popularização das chamadas “redes sociais”. Surgidas em meados da década de
1990, nos Estados Unidos, tem como característica principal propiciar a
interação de milhares de pessoas em tempo real tendo como base as afinidades
que possuem, as similaridades profissionais ou a amizade.
Existem
redes sociais para todos os gostos: As profissionais que tem por objetivo gerar
relacionamentos profissionais entre os usuários; As chamadas de ócio, que tem
como objetivo reunir pessoas que pratiquem atividades de ócio (hobby), como esportes, vídeo games e
etc; e existem as horizontais que são as mais populares, pois são dirigidas a
todo tipo de usuário, não possuindo nenhuma temática definida nem um fim
concreto.
Esta
facilidade de interação que as redes sociais oferecem está mudando a atual forma
de relacionamento entre as pessoas. Pois o ser humano é um ser social, e tem a
necessidade de se relacionar. Somente busca o isolamento total, em definitivo,
aquele que está sofrendo algum problema psicológico. As redes sociais prometem satisfazer
esta busca constante que a humanidade possui em aproximar-se de si mesma. Mas
que tipos de relacionamentos resultam desta aproximação? Pois se antes alguém
chamava de “amigo” apenas um grupo seleto de seu convívio, hoje em dia é
possível ter amizade com milhares de rostos e nomes desconhecidos.
Mas
como estes relacionamentos superficiais, que são chamados de amizade, podem
influenciar a família? Até que ponto podemos expor a intimidade de nossos lares
para completos desconhecidos, sem comprometer a harmonia familiar? O que a
Palavra de Deus pode nos ensinar sobre este assunto?
A
família é a célula primaria da sociedade. Primeira instituição criada por Deus,
com um propósito único: a satisfação do ser humano. A Bíblia nos diz que na
criação, Deus achou muito bom tudo o que havia criado (Gn 1.31), apenas uma
coisa não recebeu a aprovação do Divino Criador: a solidão do primeiro homem
(Gn 2.18).
A
família tradicional, formada por marido, esposa e filhos, tem a capacidade de
suprir as necessidades emocionais e psicológicas do individuo. É através dela
que a criança começara a se enxergar como um ser social, tendo o seu caráter
formado através da observação do comportamento e do ensinamento dado por seus
pais.
Ensinar
exige paciência e dedicação. Mas como ensinar se muitos pais gastam horas de
seu tempo livre nas redes sociais? E o que é pior, para conseguirem tempo
livre, pois a criança exige a atenção dos pais, apresentam o mundo virtual para
ela, transformando assim a internet numa “babá eletrônica”. Atualmente as
crianças são apresentadas cada vez mais cedo ao mundo virtual.
Pais
e filhos não podem se distanciar no convívio, pois conviver vai muito além de
apenas morar na mesma casa. Conviver é viver junto, trocar experiências,
dialogar, ensinar, compartilhar sentimentos. Mas como fazer isto se todos estão
conectados individualmente em seu mundo virtual? Juntos na mesma casa, mas
separados pela internet.
Os
pais têm a obrigação perante Deus de ensinar “aos seus filhos, mostrando à
geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas
que fez.” (Sl 78.4). O ensinamento cristão e bíblico deve ser dado em casa, a
igreja e as classes infantis de Escola Bíblica Dominical apenas complementam o
ensino oferecido em casa. Não podem delegar para as professoras do departamento
infantil uma função que é sua. Devem instruir “o menino no caminho em que deve
andar.” (Pv 22.6)
As
redes sociais não podem ser o refúgio para o estresse do dia a dia, pois este é
o papel da família. É nela que devemos buscar a tranquilidade para enfrentar um
mundo cada vez mais agitado. É nela que nos alegramos e choramos, enfim,
amadurecemos como indivíduos. Reuniões em família não devem jamais ser trocadas
pelo bate papo virtual.
Os
relacionamentos virtuais não podem prejudicar a união do casal, pois esta é
maior união que um ser humano pode ter com outro. A Bíblia nos diz que marido e
esposa são uma só carne (Gn 2.24), ou seja, duas vidas se tornam uma. No
casamento não existe “meus problemas” e “seus problemas”, mas “nossos
problemas”, as alegrias e tristezas devem ser compartilhadas.
Não
existem “meus amigos” e “seus amigos”, mas “nossos amigos”, mas é isso que as
redes sociais fazem, pois cada um tem seu grupo de amigos virtuais, e a
separação é tanta que em muitos casais é comum os cônjuges não sabem a senha da
rede social do outro. Hoje tem se tornado comum uma nova modalidade de
adultério: O “adultério virtual.”
Devemos
compartilhar nossas intimidades com quem escolhemos passar o restante da vida
ao nosso lado, e não com pessoas que nem sabemos se a foto apresentada como
sendo sua condiz com a realidade. Existem pessoas que fazem tudo para conseguir
o maior número de “curtidas” e se esquecem de que há momentos que pertencem somente
a família.
É
obvio que como seres sociais que somos nosso convívio não fica restrito somente
a família, mas ela deve ser o núcleo de nossa vida social. Temos colegas de
trabalho, vizinhos, conhecidos e aquele “amigo mais chegado do que um irmão”
(Pv 18.24b), é este tipo de amigo que faz bem e não os milhares de amigos
virtuais, pois “o homem que tem muitos amigos sai perdendo”. (PV 18.24a) (ARA),
as amizades verdadeiras devem ser cultivadas e valorizadas.
A
internet e por consequência as redes sociais são uma realidade e podem fazer
parte do dia a dia do cristão, pois são ferramentas úteis na pesquisa e na
divulgação de pensamentos e ideias, mas ao acessa-las o servo de Deus deve ter
duas palavras em mente: cuidado e moderação.
As
redes sociais não podem jamais tomar o lugar da família, pois esta é uma benção
de Deus para nós, que tem por objetivo a nossa plena realização social,
emocional e psicológica. Nosso lar jamais pode perder seu verdadeiro sentido e
significado, ou seja seu objetivo maior: Ser um lugar de amor e respeito.
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